25 de Abril de 2025

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ENTREVISTA DA SEMANA Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024, 11:35 - A | A

Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024, 11h:35 - A | A

GISELA CARDOSO

Eleita com 36,30% dos votos, Gisela Cardoso se prepara para mais uma gestão à frente da OAB Mato Grosso.

Redação

Gisela Cardoso é a atual presidente da OAB-MT, advogada desde 2002, foi professora universitária de 2007 a 2017 na Universidade de Cuiabá (UNIC). Casada com o advogado Marlon Hudson Machado, mãe de João Pedro, especialista em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e sócia do escritório Cardoso e Cardoso Advogados. Ocupou o cargo de Secretária Geral-adjunta da OAB-MT na gestão 2016/2018, e foi vice-presidente da OAB-MT na gestão 2019/2021. Atualmente, é coordenadora-adjunta do Colégio Nacional de Presidentes de Seccionais no CFOAB. Nos últimos dias da campanha, a advogada enfrentou uma série de fake news veiculadas em TV, onde alegavam que ela teria assinado um documento de comprometimento com a emissora para participar de um debate. Gisela desmentiu prontamente o boato, comprovando que o convite foi feito em cima da hora, e que ela já tinha um compromisso agendado em Primavera do Leste para a mesma data.   “Fiz uma campanha baseada no que acredito, uma campanha pautada por propostas e, acima de tudo, com respeito à instituição que represento.”  

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Centro Oeste Popular — Como foi para a senhora inaugurar a primeira eleição online em Mato Grosso?

Gisela Cardoso — Sem dúvida, foi algo que me trouxe muito orgulho, pois, ofereceu à advocacia mato-grossense uma maior participação no processo democrático das eleições. Decidi tornar o processo online para democratizar ainda mais as eleições da OAB Mato Grosso. Temos um estado de dimensões continentais e muitos advogados residem em municípios distantes das subseções, o que gerava altas taxas de abstenção. Então, decidimos tornar o processo online, o que resultou em um grande sucesso, com quase 93% da advocacia participando.

Centro Oeste Popular — Agora, com a reeleição, pretende dar continuidade a algum projeto implementado em sua gestão?

Gisela Cardoso — Temos vários projetos entregues, mas alguns são especialmente queridos por mim, como o OAB Presente. Esse projeto nasceu no início da nossa gestão e visa aproximar ainda mais a OAB dos advogados. Com ele, tive a oportunidade de visitar mais de 300 escritórios e dialogar com advogados de diferentes áreas. Isso foi essencial para uma gestão mais eficaz. Pretendo continuar com esse projeto e ampliar as conversas, pois, acredito que o advogado precisa se sentir pertencente à instituição. Também avançamos com o maior projeto de qualificação, oferecendo números recordes de cursos e seminários, além de defender as prerrogativas e honorários da classe.

Centro Oeste Popular — Este ano, assim como nas eleições municipais, a eleição da OAB teve processos inéditos. Como define este processo em comparação com sua primeira participação?

Gisela Cardoso — Foi uma eleição muito disputada, com quatro chapas, mas o que me marcou negativamente foram os ataques pessoais, as fake news e o baixo nível. Trazer para a eleição da OAB o que há de pior na política partidária não é aceitável. Precisamos superar isso e seguir em frente. No entanto, foi uma eleição disputada e com número recorde de votantes. Fiz uma campanha limpa, baseada no que acredito, nas propostas e no respeito à instituição que represento.

Centro Oeste Popular — A eleição foi apertada, com outros dois candidatos bem votados. A senhora pensa que essa gestão será mais difícil que a primeira?

Gisela Cardoso — Na verdade, não. Venci com uma margem maior do que na eleição anterior, que teve apenas duas chapas. Cada gestão é diferente e é natural que existam apoios diversos. Desde o resultado, disse que a campanha terminou ali, e agora somos todos do mesmo grupo, trabalhando para fortalecer nossa classe e nossa instituição.

Centro Oeste Popular — Durante a campanha, muito se falou sobre a relação do advogado da capital com o advogado do interior. Como a senhora vê essas acusações sobre um possível afastamento e como define às duas seções, Cuiabá e interior?

Gisela Cardoso — Sempre afirmei que trabalho para toda a advocacia de Mato Grosso. A ideia de divisão enfraquece, e os resultados das urnas mostraram que quem focou apenas na capital ou no interior foi esquecido pelos eleitores de um dos lados. Nossa gestão trabalhou para todos, sem distinção. Avançamos muito no apoio à advocacia do interior, com um aumento de mais de 200% no repasse financeiro para as subseções. Isso trouxe maior autonomia e permitiu a implementação de cursos e investimentos em infraestrutura, refletindo na vitória da nossa chapa.

Centro Oeste Popular — A OAB tem um histórico de defender a democracia e o Estado de Direito desde a ditadura, mas, recentemente, sua gestão se posicionou a favor dos acusados do 8 de Janeiro. Existe uma mudança na postura da OAB-MT?

Gisela Cardoso — A OAB-MT foi uma das poucas seccionais a cobrar uma posição do Conselho Federal junto ao STF. Lideramos um grupo de dez presidentes de seccionais requerendo uma intervenção para garantir os princípios constitucionais, como a ampla defesa e a liberdade de expressão. Atendemos advogados de Mato Grosso, inclusive, fazendo a ponte com a Procuradoria do Conselho Federal para garantir o acesso aos inquéritos e possibilitar a defesa dos acusados. Continuaremos atuando de forma firme em defesa das garantias constitucionais. Centro Oeste Popular — Alguns defendem o judiciário, enquanto outros discordam. Como a senhora vê esse cenário?

Gisela Cardoso — O Judiciário tem seus limites, que não devem ser extrapolados. Quando vejo esses limites sendo ultrapassados, não concordo. Nossa Constituição define claramente a atuação de cada poder, e é importante que todos compreendam e respeitem seu papel dentro do Estado de Direito.

Centro Oeste Popular — O crime organizado tem sido um tema de discussão, e alguns políticos, como Mauro Mendes, defendem a estadualização das leis penais. A senhora acredita que essa mudança pode ser a solução para o crime organizado?

Gisela Cardoso — A Constituição não permite que o estado legisle sobre matéria penal. O crime organizado é um problema que precisa ser enfrentado, mas não podemos confundir o exercício da advocacia com a defesa de criminosos. Todos têm direito à defesa, independentemente das acusações. É fundamental que não haja confusão entre a atuação do advogado e o cliente que ele defende.

Centro Oeste Popular — O número de casos violentos contra advogados tem crescido, e uma das pautas é o direito à posse de armas. Qual sua posição sobre advogados terem posse de arma?

Gisela Cardoso — Isso tem nos preocupados muito. Encaminhei uma proposta de plano nacional de defesa da advocacia, que sugere a aprovação de três projetos de lei no Congresso Nacional, incluindo o direito à posse de armas para advogados que atendam aos requisitos legais. Sou a favor que, caso o advogado deseje e preencha os critérios legais, ele tenha o direito de exercer essa prerrogativa.


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