03 de Julho de 2024

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GERAL Segunda-feira, 17 de Junho de 2024, 09:16 - A | A

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ARTIGO

Direito de amar

Lucas Leite

Foi em 1969 que tudo teve início. O Stonewall Inn, um bar frequentado pela comunidade LGBTQ+ em Greenwich Village, Nova York, foi alvo de mais uma batida policial na madrugada de 28 de Junho. Várias pessoas foram detidas sob a acusação de “conduta imoral”, uma desculpa usada para esconder a motivação homofóbica por trás da ação. O estabelecimento era frequentado por lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Locais de encontro para pessoas que não seguiam a orientação heterossexual, eram proibidos antigamente. O Bar Stonewall Inn operava mediante o pagamento de subornos às autoridades. Após uma batida policial, uma revolta teve início e se estendeu por vários dias. Em 1970, a primeira Parada do Orgulho LGBT foi realizada em Nova York. A partir daquela época, a luta pelos direitos não cessou.

Estamos no ano de 2024. No território brasileiro, diversos avanços civis foram alcançados devido à luta incansável do movimento LGBTQI+. Entre esses avanços, destaca-se o direito ao casamento, à adoção de crianças, a criminalização da homofobia e transfobia, e, mais recentemente, a possibilidade de realizar doações de sangue.

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Contudo, residimos em uma nação onde a disseminação LGBTQIfóbica é suportada pelo governo. O ex-chefe do Executivo foi escolhido com múltiplas declarações homofóbicas e transfóbicas.

No decorrer da corrida eleitoral de 2018, informações falsas nortearam a competição. Relativo ao matrimônio, difundiram boatos de que, se Fernando Haddad triunfasse, ele imporia que as igrejas celebrassem casamentos entre gays e lésbicas.

Como não lembrar do polêmico kit gay e da sexualização precoce das crianças, amplamente difundidos pela campanha bolsonarista? Tantas inverdades foram disseminadas, resultando na vantagem de Bolsonaro sobre o candidato do PT. No entanto, isso reflete a homofobia e transfobia enraizadas na sociedade brasileira.

Caso fosse somente de responsabilidade do Congresso Nacional, onde os legisladores representam a população do Brasil, não teríamos garantido nenhum dos direitos civis conquistados. O reconhecimento do casamento homoafetivo, o uso do nome social, adoção, doação de sangue, bem como a criminalização da homofobia e transfobia, foram obtidos através de decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal, que apesar dos pesares, tem sido o meio para o reconhecimento de direitos para a comunidade LGBTQI+.

O discurso de ódio e a violência persistiram. Vivemos em um país que mais mata, pessoas trans do mundo.

O 28 de junho é dia de orgulho e de luta. Celebrar as conquistas, arduamente, alcançadas e, ao mesmo tempo, reforçar as bandeiras pelo direito à vida, ao trabalho, contra o racismo, contra o sistema capitalista, e para construir uma sociedade mais justa, solidária, onde todos e todas tenham seus direitos básicos assegurados.

Já dizia Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois, o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que seu oposto”.

Essa luta pelo reconhecimento dos direitos da comunidade LGBTQIA+ teve início há 54 anos, e continua até os dias de hoje. Embora avanços tenham ocorrido e hoje haja redes e movimentos que trabalham para assegurar os direitos humanos desta comunidade, ainda existem diversos desafios a serem superados.

Uma prova viva disso, são os dados apontados pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ no país, indicando que 273 pessoas LGBTQIAPN+ morreram de forma violenta no Brasil no último ano. Mais da metade das vítimas eram mulheres trans ou travestis (58,24%).

Não se pode mais tolerar o silêncio em relação ao problema, ou simplesmente fingir que ele não existe. As LGBTQIAPN+ existem e querem ser ouvidas e representadas por nossas entidades de classe; querem que as discriminações que sofrem sejam encaradas como problemas de toda a sociedade e não como problema deles; querem que a individualidade e as especificidades sejam entendidas como parte de sua identidade.

Ao combater a homofobia, somos mais humanos e construímos uma sociedade justa e igualitária para todos.

Lucas Leite, Jornalista e editor chefe do jornal COPular.


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